A Câmara dos
Deputados aprovou lei que libera o trabalho terceirizado em todas as atividades
das empresas e várias atividades do Estado. A nova lei deve seguir para sanção
do presidente Temer. Centrais sindicais e deputados da oposição criticaram a
medida, dizendo que ela fragiliza e precariza as relações de trabalho e achata
os salários. Antes do projeto, a Justiça do Trabalho só permitia a
terceirização em atividades secundárias – conhecidas como atividades-meio, que
não são o principal negócio de uma companhia.
Para o
Planalto, que tenta emplacar uma agenda de reformas sociais, trabalhistas e
previdenciárias com o objetivo declarado de atrair investimentos e tentar
equilibrar as contas públicas, a aprovação da lei de terceirização foi uma
vitória. O placar foi folgado, mas abaixo da maior conquista parlamentar da
base de Temer, em dezembro de 2016, quando foi a aprovada a emenda à
Constituição dos gastos públicos, que limita as despesas dos Governos por até
20 anos e precisa de maioria qualificada para passar.
Como é a
legislação atual
Como não há
uma lei específica para a terceirização, o tema vem sendo regulado pelo
Tribunal Superior do Trabalho, através da súmula 331, de 2003. Segundo o dispositivo,
a terceirização é possível apenas se não se tratar de uma atividade-fim, o
objetivo principal da empresa, por exemplo: o ato de fabricar carros é a
atividade-fim de uma montadora. Pela regra atual, só atividades-meio, como
limpeza, manutenção e vigilância na montadora do exemplo, seriam passíveis de
terceirização.
O que muda
A principal
mudança se refere à permissão das empresas para terceirizar quaisquer
atividades, não apenas atividades acessórias da empresa. Isso significa que uma
escola que antes poderia contratar só serviços terceirizados de limpeza,
alimentação e contabilidade agora poderá também contratar professores
terceirizados.
Empregos
temporários
O projeto
também regulamenta aspectos do trabalho temporário, aumentando de três para seis
meses o tempo máximo de sua duração, com possibilidade de extensão por mais 90
dias. Ou seja: até nove meses de trabalho temporário. Os temporários terão
mesmo serviço de saúde e auxílio alimentação dos funcionários regulares, além
da mesma jornada e salário. O texto aprovado inclui a possibilidade de
contratação de temporários para substituir grevistas, se a greve for declarada
abusiva ou houver paralisação de serviços essenciais.
Direitos dos
trabalhadores terceirizados
O projeto
aprovado na Câmara em 2015 ressaltava que não havia vínculo de emprego entre as
empresas contratantes e os trabalhadores terceirizados, mas exigia que 4% do
valor do contrato fosse retido como garantia do cumprimento dos direitos
trabalhistas e das exigências previdenciárias. O texto em aprovado na Câmara
não prevê tais garantias.
Responsabilidade
das empresas
A proposta aprovada na Câmara em 2015
estabelecia que o trabalhador terceirizado poderia cobrar o pagamento de
direitos trabalhistas tanto da empresa que terceiriza quanto da tomadora de
serviços, a chamada responsabilidade solidária. Já o texto aprovado na Câmara
prevê que o trabalhador terceirizado só pode cobrar o pagamento de direitos
trabalhistas da empresa tomadora de serviço após se esgotarem os bens da
empresa que terceiriza.
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